O BlogBESSS...

Bem-Vindos!


Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


domingo, 20 de novembro de 2016

A analogia e antítese: dois recursos estruturantes no Sermão de Santo António [1654]

O Sermão de Santo António [1654] é um texto alegórico, isto é, uma representação concreta de algo abstrato: ao nível textual, os destinatários são os peixes, uma metáfora usada por Vieira para criticar os homens ao nível da comunicação na Igreja, mais concretamente os colonos do Maranhão. Desta forma, segue o exemplo de Santo António – perante a recusa do auditório em ouvi-lo, pregará aos peixes. Para tal, recorre a diferentes tipos de argumentos, incluindo os argumentos de analogia, e também a diversos recursos expressivos, como a antítese, os quais se tornam imprescindíveis para a coerência textual e o sucesso do discurso retórico, pelo prazer estético que esse virtuosismo verbal proporciona ao ouvinte (leitor no nosso caso).
A antítese assume-se como uma forma de associação de ideias pelo contraste e pela oposição. Nos capítulos II e III, os louvores das virtudes dos peixes farão ecoar, por oposição, os defeitos dos homens: o peixe de Tobias cura a cegueira e afasta os demónios; a Rémora consegue determinar o rumo das naus, que representam os pecados da soberba, da vingança, da cobiça e da sensualidade; o Torpedo faz tremer o braço do pescador, isto é, daquele que se apropria indevidamente daquilo que não é seu; o Quatro-olhos ensina ao orador a importância de se libertar da vaidade do mundo terrestre e de pensar apenas na vida eterna. A antítese também se manifesta no capítulo V, onde se verifica um contraste entre os defeitos dos peixes e a atitude de Santo António que, sendo humilde e defensor da verdade, serve de exemplo aos homens.
A analogia é uma relação de semelhança que se estabelece entre duas ou mais entidades distintas. O capítulo III constitui um exemplo, na medida em que se estabelece uma analogia entre os peixes e Santo António: por exemplo, a força da Rémora consegue determinar o rumo das naus e a “força” da língua de Santo António domina as paixões humanas (pecados simbolizados pelas naus). Por outro lado, nos capítulos IV e V, o orador censura os peixes pelos seus defeitos, que representam pecados humanos. Em geral, os peixes comem-se uns aos outros, mais especificamente, os grandes comem os pequenos, simbolizando a antropofagia social, isto é, o facto de os homens se explorarem uns aos outros; os peixes também mostram ignorância e cegueira, à semelhança dos homens, que se deixam iludir por honras vãs ou pela vaidade. Em particular, o orador dá exemplos de quatro peixes cujos defeitos representam diversos pecados humanos: a arrogância e o orgulho (Roncador) o oportunismo e o parasitismo social (Pegador); a ambição desmedida (Voador); a hipocrisia e a traição (Polvo).

Em conclusão, com este Sermão, Vieira pretende denunciar a condição humana e rever mentalidades, objetivo este que procura atingir através da retórica, de recursos expressivos e de uma argumentação persuasiva, fazendo uso da sua engenhosidade.

Autora:  Oleksandra Sokolan, 11ºC 
Prof. João Morais

A sátira nos cancioneiros galego-portugueses

As cantigas de escárnio e maldizer, que estão incluídas nos cancioneiros galego-portugueses, inscrevem-se no género satírico.

A sátira reatualiza-se num vasto corpus literário e tem como objetivo a correção de pessoas, estratos sociais, ideologias ou mesmo a própria sociedade, apontando vícios e defeitos da época em que é produzida. Neste modo artístico utilizam-se muito a ironia e o humor.

Na poesia trovadoresca galaico-portuguesa também encontramos a sátira, que pode ser moral e religiosa ou política e militar ou social e de costumes ou literária.

Na cantiga “Foi um dia Lopo jograr” criticam-se os jograis sem talento que continuam a exercer esta atividade por causa do dinheiro. A sátira literária está presente nas cantigas “Roi Queimado morreu com amor” e “Ai, dona fea, fostes-vos queixar”. Na primeira, há uma crítica aberta ao amor cortês através da “morte de amor”, que aqui é excessivo, havendo também uma paródia do fingimento amoroso, já que a composição reatualiza a linguagem da cantiga de amor para criticar este género. Na segunda, temos uma paródia às regras e convenções do amor cortês em relação ao “louvor” ao objeto amado.

Em relação à estrutura formal, a maioria destas cantigas é de mestria como “ Roi Queimado morreu com amor”, mas também há algumas que têm refrão como “Foi um dia Lopo jograr”. Há, porém, também cantigas que apresentam refrão: as cantigas de refrão (“Ai, dona fea, fostes-vos queixar”.) Neste género recorre-se muito aos jogos de palavras, à ironia e à polissemia.

Concluindo, a sátira permite conhecer a sociedade da época medieval, pois ela atinge todos os setores da sociedade. Assim, conhecemos de forma mais profunda os costumes e comportamentos dos vários grupos socias e mesmo da vida nas cortes senhoriais e das suas atividades de lazer.

Autor: André Cotrim, 10ºA
Prof. João Morais