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Bem-Vindos!


Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A Infância em Álvaro de Campos


Álvaro de Campos, o heterónimo de Fernando Pessoa com a obra mais diversificada do ponto de vista da sua evolução e múltipla reactualização de tendências estéticas, explora o tema da infância num corpus muito considerável dos seus textos.

A infância é representada enquanto época feliz, o tempo em que o sujeito poético experimenta alegria, o que se opõe à realidade do presente, que corresponde ao tempo de infelicidade e de tédio.

No poema “Aniversário”, o sujeito poético, numa primeira parte, descreve as rotinas festivas que se passavam na sua infância (“A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,/ O aparador com muitas coisas – doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado”). Relatam-se esses dias de celebração, sendo dias felizes, de alegria partilhada pela família, de inocência e despreocupação, adquirindo uma dimensão mítica, pois ultrapassa as coordenadas do espaço e do tempo (“[…] era uma tradição de há séculos”). Ainda no mesmo texto, Campos lamenta-se por a infância se encontrar tão longe (“A que distância!...[…]/O tempo que festejava os meus anos!”) e por ser irrecuperável (“O que sou hoje é terem vendido a casa”). 

Álvaro de Campos, numa visita a Lisboa, escreve o poema “Lisbon Revisited (1923)”, para exprimir a sua abulia para com a sociedade moderna. Através de um tom coloquial e provocatório, afirma que na Lisboa da sua infância havia mais felicidade que na da atualidade (“Ó ceu azul – o mesmo da minha infância - / Eterna verdade vazia e perfeita”, “Ó magoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!”). 

No poema “Ode Marítima”, o sujeito poético encontra-se num cais ao amanhecer e observa um paquete e toda a vida marítima ao seu redor (“Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de verão”). À medida que o paquete começa a aproximar-se, o sujeito poético começa a perder a lucidez começando a pensar em piratas, os seus brinquedos prediletos quando criança (“Ó cousas navais, meus velhos brinquedos de sonho!”), mas, ao pensar em todas as brutalidades que os piratas faziam, dá-se conta de que a sua infância acabou e a sua inconsciência também (“E a minha infância feliz acorda, como uma lágrima, em mim”; “Ah, como pude eu pensar, sonhar aquelas coisas?”).

Este tempo de felicidade afigurar-se-á irrecuperável num corpus significativo da sua obra.

Para além do poema “Aniversário” já referido anteriormente, também em “Datilografia”, o sujeito poético afirma que a infância é o tempo para ser feliz (“Temos todos duas vidas: / A verdadeira, que é a que sonhámos na infância”), pois ainda não sabemos ler, nem pensar e só sentimos (“Há só ilustrações de infância: / Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;”). O sujeito lírico idealiza a infância (“Outrora, / Quando fui outro, eram castelos e cavalarias”), mas acaba por acordar, devido ao barulho das máquinas, e dá-se conta do tédio e da angústia que sente na vida adulta (“Nesta morremos […] Se, desmeditando, escuto”). Surge, porém, no final do texto, a impossibilidade de, dado o “estalar” das máquinas, o sujeito dispersar-se e já não conseguir alhear-se do espaço físico – e do tempo presente! – da sua vida.

Na poética de Álvaro de Campos há, assim, uma oposição passado presente, que se configura no binómio infância idade adulta, numa representação maniqueísta que o aproxima do ortónimo bem como dos outros heterónimos. O tema da infância, não obstante o tratamento específico que tem nas diferentes máscaras pessoanas, acabará por conferir unidade à obra de Pessoa.

Cenário de Resposta do Grupo III do 1º Teste de Português

Mariana Araújo, 12º A
Professor João Morais

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