O BlogBESSS...

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Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


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(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


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A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Proposta de Correção do Teste de Português - 11º B

Trabalho realizado pelos alunos Inês Pinto Basto, Rafael Oliveira e Inês Chim, 2012/13

 Prof. João Morais                                                                                                                                     

Tenere lupum auribus.

Grupo I (Inês Pinto Basto)

1. Relativamente à estrutura externa, a passagem transcrita localiza-se no capítulo V, parte do Sermão onde, ao nível da estrutura interna, se abordam os defeitos particulares de cada peixe. Neste caso, são os “pegadores” que o orador explora: “Pegadores se chamam estes de que agora falo, e com grande propriedade, porque sendo pequenos não só se chegam a outros maiores, mas de tal sorte se lhes pegam aos costados, que jamais os desferram.”

Ainda, relativamente à estrutura interna, a passagem transcrita localiza-se na Confirmação visto que se apresentam as provas que validam o que o orador se propôs tratar no início do Sermão (“a terra não se deixa salgar”) e do capítulo V: “Nesta viagem, de fiz menção, e em todas as que passei a Linha Equacional, vi debaixo dela o que muitas vezes tinha visto e notado nos homens, e me admirou que se houvesse estendido esta ronha e pegado também aos peixes.”

2. O orador fala dos “pegadores” enquanto metáfora de homens. Os defeitos dos peixes que Vieira explora correspondem, por analogia, aos defeitos dos homens. Os peixes “pegadores”, que vivem colados aos costados dos peixes grandes, simbolizam o parasitismo e a dependência dos homens, que, na «Cidade», exploram os mais ricos e poderosos: "O mesmo fazem estes pegadores, tão seguros ao perto como aqueles ao longe; porque o peixe grande não pode dobrar a cabeça, nem voltar a boca sobre os que traz às costas, e assim lhes sustenta o peso e mais a fome.”

3. O orador utiliza argumentos de autoridade, na medida em que recorre ao evangelista S.Mateus enquanto figura credível, cujas dignidade e palavra são irrefutáveis: “Parece-me que estou ouvindo a S. Mateus, sem ser Apóstolo pescador, descrevendo isto mesmo na terra.”.

Utiliza também argumentos empíricos, resultantes da sua experiência da vida quer dos homens quer dos peixes: “[…] não parte vice-rei ou governador para as conquistas que não vá rodeado de pegadores, os quais se arrimam a eles, para que cá lhe matem a fome, de que lá não tinham remédio.”

4. Neste caso, “pegador” é uma palavra com dois ou mais significados e é um exemplo de analogia. No sentido literal, que é o da espécie animal, refere-se aos peixes: “Rodeia a nau o tubarão nas calmarias da Linha com os seus pegadores às costas, tão cerzidos com a pele, que mais parecem remendos ou manjares naturais, que os hóspedes ou companheiros.”.

No sentido figurado, refere-se aos homens e quer dizer que eles se exploram uns aos outros: “Morto Herodes, diz o evangelista, apareceu o anjo a José no Egito, e disse que já se podia tornar para a pátria porque eram mortos todos aqueles que queriam tirar a vida ao Menino”.

Salienta-se, ainda, ao nível do sentido figurado da mesma palavra, o exemplo de David, que adere à mensagem de Deus: “Deus também tem os seus pegadores. Um destes era David, que dizia: Mihi autem adhaerere Deo bonum est.”. Pegador é também o que segue outro referente – Deus – enquanto excelência, omnipotência, divindade…

 II (Rafael Oliveira)

Versão A

1. O Zé nasceu em 15 de agosto de 1996 e entrou na escola aos seis anos.

Divisão:
1ªoração:
O Zé nasceu em 15 de agosto de 1996.àOração coordenada sindética
2ªoração:
E entrou na escola aos seis anos.àOração coordenada copulativa sindética

A conjunção “E” é copulativa ou aditiva, pois adiciona-se a uma outra informação da qual não depende nem faz depender.
Podemos suprimir a conjunção e e a frase continuará gramatical.
O Zé nasceu em 15 de agosto de 1996. Entrou na escola aos seis anos.

2. Desprezaste hipóteses que não são menos importantes.

Neste caso o pronome “que” está a introduzir uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva. Trata-se dum pronome relativo, pois, dividindo a frase complexa em duas simples, obtemos:

Divisão:
1ªoração
Desprezaste hipóteses.à Oração subordinante
2ªoração
Que não são menos importantes.= As hipóteses não são menos importantes

Que não são menos importantes.= à Oração subordinada adjetiva relativa restritiva

O pronome está a restringir a referência de hipóteses: apenas aquelas que são menos importantes Podemos também substituir este G. Adjetival por outro, razão pela qual a oração é adjetiva:

Ex: Desprezaste hipóteses verdadeiras.

3. Quem mais critica pactua, por vezes, com a mediocridade.

Divisão:
1ªoração
Quem mais critica.à Oração subordinada substantiva relativa (sem antecedente)
2ªoração
Pactua com a mediocridade.à Oração subordinante

A conjunção QUEM está a substituir um grupo nominal, um GN, que está implícito.

A 1ª oração pode ser substituída por um GN sem interferir com a gramaticalidade da frase, razão pela qual se trata de uma oração substantiva.

4. O Zé foi para Paris; a Ana, para Berlim.

Divisão:
1ªoração
O Zé foi para Paris.àOração coordenada
2ªoração
A Ana [foi] para Berlim.àOração coordenada copulativa assindética

Se dividirmos as orações com uma conjunção copulativa, a frase continua gramatical e só conseguiremos fazê-lo de forma correta com conjunções ou locuções copulativas, por exemplo:

Ex: O Zé foi para Paris e a Ana [foi] para Berlim.

A conjunção usada no 1º exemplo é copulativa ou aditiva pois adiciona-se a uma outra informação da qual não depende nem faz depender.

Se substituirmos por uma conjunção disjuntiva por exemplo, a oração fica agramatical:

*Ou o Zé foi para Paris ou a Ana para Berlim.

É assindética pois a conjunção não está presente.

5. A tarefa de tomar conta das crianças é gratificante.

Divisão:
1ªoração
A tarefa é gratificante.à Oração subordinante
2ªoração
de tomar conta das crianças.à Oração subordinada completiva não finita (com a função de complemento nominal). Suprimindo esta oração (este constituinte), a frase, fora de contexto, fica gramatical:

*A tarefa é gratificante.

Versão B

1. Quem mais critica é conivente, por vezes, com a mediocridade.

Divisão:
1ªoração
Quem mais critica.à Oração subordinada substantiva relativa (sem antecedente)
2ªoração
É conivente com a mediocridade.àOração subordinante

A conjunção QUEM está a substituir um grupo nominal, implícito.

A 1ª oração pode ser substituída por um GN sem interferir com a gramaticalidade da frase:

A Ana é conivente, por vezes, com a mediocridade.

2. O Zé veio de Paris; a Ana, de Berlim.

Divisão:
1ªoração:
O Zé veio de Paris.àOração coordenada assindética
2ªoração:
A Ana [veio] de Berlim.àOração coordenada copulativa assindética

Se dividirmos as orações com uma conjunção copulativa a frase continua gramatical, e só conseguiremos fazê-lo de forma correta com conjunções ou locuções copulativas ou aditivas, por exemplo:

Ex: O Zé veio de Paris e a Ana de Berlim.

A conjunção usada no 1º exemplo é copulativa ou aditiva pois adiciona-se a uma outra da qual não depende nem faz depender.

Se a substituirmos por uma conjunção disjuntiva por exemplo, a oração fica agramatical:

*Ou o Zé veio de Paris ou a Ana de Berlim.

É assindética pois a conjunção não está presente.

3. O Zé não só não tem seis anos como também não tem muita mobilidade.

Divisão:
1ªoração:
O Zé não tem seis anos.àOração coordenada.
2ªoração:
como também não tem mobilidade.àOração coordenada copulativa sindética

Se substituirmos a locução “não só … com também” por outra, de forma a que a frase continue gramatical, só conseguiremos fazê-lo de forma correta com conjunções ou locuções copulativas ou aditivas, por exemplo:

O Zé nem tem seis anos nem tem muita mobilidade.

Se substituirmos por uma conjunção disjuntiva, por exemplo, a oração fica agramatical:

*Ou o Zé tem seis anos ou tem muita mobilidade.

É sindética pois a conjunção está presente.

4. As hipóteses que desprezaste não são menos importantes.

Neste caso o pronome “que” está a introduzir uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva; trata se, assim, dum pronome relativo, pois, dividindo a frase complexa em duas simples, obtemos:

Divisão:
1ªoração:
As hipóteses não são menos importantes.àOração subordinante
2ªoração:
Desprezaste as hipóteses

que desprezaste à Oração subordinada adjetiva relativa restritiva

A 2ª oração pode ser substituída pelo pronome relativo AS QUAIS.

O pronome está a restringir a referência de as hipóteses.

5. Encarrega-te de tomar conta das crianças.

Divisão:

1ªoração:
Encarrega-te.à Oração subordinante

2ªoração:
de tomar conta das crianças.àOração subordinada completiva não finita (com a função de complemento nominal).

Suprimindo esta oração (este constituinte), a frase, fora de contexto, fica gramatical:

*A tarefa é gratificante.

III (Inês Chim)

«Se Vieira procura, muitas vezes, conduzir a opinião pública, transformando o púlpito em tribuna política, o facto nada tem de excecional: no século XVII, o púlpito desempenhava também funções que hoje cabem aos jornais, à televisão, enquanto instrumentos nas mãos dos governantes.»
                                  Jacinto do Prado Coelho, «Oratória», in Dicionário de Literatura, Liv. Figueirinhas

No Sermão de Santo António aos Peixes, o orador privilegia, de facto, a vertente de combate de ideias, que se inscrevem numa grande variedade de domínios, que acabarão por refletir o pensamento de grande homem do mundo que foi o Padre António Vieira.

No capítulo I, o exórdio, o Padre António Vieira começa por utilizar um conceito predicável (“Vos estis sal terrae”: “Vós sois o sal da terra”) que, alicerçado na autoridade de S. Mateus, nos permitirá concluir que Vieira defende que os homens não querem receber a verdadeira doutrina (“ não se deixam salgar”). Para reforçar esta atitude dos homens e os seus defeitos, Vieira recorre à figura da antítese entre peixes e homens ao longo dos capítulos II e III. Deve fazer-se notar, ainda, a referência ao Santo António, que, em muitos casos por analogia com os peixes, é o exemplo a ser seguido pelo auditório.

No capítulo II, inicia-se a construção de uma estrutura alegórica e a Divisão do sermão: primeiro, serão pregados os louvores dos peixes e, seguidamente, os seus defeitos. Ainda neste capítulo, dá-se a Confirmação, expondo-se as qualidades gerais dos peixes. Temos então as divinas – obediência, ordem, quietação e atenção (“[…] aquela obediência […] e aquela ordem, quietação e atenção com que ouvistes a palavra de Deus […]”) – e as naturais – não se deixam domesticar pelo homem, ao contrário de outros animais (“[…] Falando dos peixes, Aristóteles diz que só eles entre todos os animais se não domam nem domesticam […]”). Ocorre, então, a antítese entre peixes e homens, em que os peixes assumem um valor positivo.

No terceiro capítulo, o Padre António Vieira evoca as qualidades particulares de quatro peixes: o Peixe de Tobias, cujo fel cura a cegueira do pai e cujo coração afasta o demónio da casa (sentido literal) – também Santo António, com o fel, cura a cegueira dos homens e utiliza o coração para afugentar o mal humano (sentido figurado) –; a Rémora, que se pega ao leme da nau e a amarra (sentido literal) – também a língua de Santo António domou a fúria das paixões humanas: Soberba, Vingança, Cobiça e Sensualidade (sentido figurado) –; o Torpedo, que faz tremer o braço do pescador, impedindo-o de pescar (sentido literal) – Santo António fez tremer vinte e dois pescadores que ouviram a suas palavras e se converteram (sentido figurado); e o Quatro-olhos, que se defende dos peixes e das aves (sentido literal). Este é, para além disso, o peixe que ensinou o pregador a olhar para o Céu (para cima) e para o Inferno (para baixo).

No capítulo IV, é iniciada a repreensão aos peixes com os seus defeitos gerais: comem-se uns aos outros, mesmo sendo do mesmo elemento, da mesma pátria, da mesma cidade (“[…]da mesma natureza, que, sendo todos criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer! […]”); e são ignorantes e cegos ao ponto de se deixarem explorar. Neste capítulo os peixes assumem o valor negativo antes pertencente apenas aos homens (“[…] Mas para que conheçais a que chega a vossa crueldade, considerai, peixes, que também os homens se comem vivos assim como vós […]”), pelo que o recurso estruturante é a analogia e já não a antítese.

De seguida, inicia-se a repreensão aos peixes relacionada com os seus defeitos particulares e Vieira refere-se a outros quatro peixes: os roncadores, que têm como defeitos a arrogância e o orgulho (“[…] É possível que sendo vós uns peixinhos tão pequenos, haveis de ser as roncas do mar?![…}”) , traços que se reatualizam, ao nível do homem, com Pedro, Golias, Caifás e Pilatos; os pegadores, devido ao facto de serem parasitas (“[…] sendo pequenos, não só se chegam a outros maiores, mas tal sorte se lhes pagam aos costados, que jamais os desferram […]”), características que se reatualizam em toda a família da corte de Herodes e em Adão e Eva; os voadores, que são presunçosos, ambiciosos e caprichosos (“[…] matai-vos a vossa presunção e o vosso capricho […] Grande ambição é que […] queira outro elemento mais largo […]”), aspetos que se reatualizam em Simão mago; e o polvo devido à sua hipocrisia e traição (“ […] o dito Polvo é o maior traidor do mar […]”), ultrapassando Judas enquanto símbolo.

Por fim, no capítulo VI, dá-se a peroração em que Vieira louva Deus como reforço da crítica e afirma que o sermão não irá acabar em Graça e Glória porque o auditório – homens ao nível da comunicação, entenda-se – não é detentor de tais qualidades.

Em síntese, podemos concluir que o Sermão de Santo António aos Peixes tem, de facto, uma vertente de combate de ideias pela crítica que é feita aos homens e aos seus comportamentos. Para a efetivação dessa mesma crítica, o orador recorre à alegoria e a analogias ao longo de todo o sermão. Os signos que se produzem no texto configuram-se com um significado coerente ao nível da comunicação, que é dirigida aos interlocutores habilitados a descodificar a denúncia e os objetivos edificantes que serviram de exemplo para os homens, que “se não deixam salgar”. O Padre António Vieira tem, então, como fim da pregação do sermão a mudança de comportamentos, podendo, de facto, afirmar-se que o seu discurso, ultrapassando a simples evangelização no sentido mais religioso, privilegia a vertente de combate de ideias.

Inês Pinto Basto, Rafael Oliveira e Inês Chim,

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