O BlogBESSS...

Bem-Vindos!


Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


domingo, 23 de outubro de 2011

Análise da função do mar nas Cantigas de Amigo

Trabalho realizado por Bruno Pereira, nº 3, 10º I, 2011/12
Prof. João Morais

 

O mar, como a natureza de uma maneira geral, está presente nas cantigas de amigo. No caso específico do mar, isso acontece ainda mais recorrentemente nas barcarolas ou marinhas – subgénero das cantigas de amigo –, que convocam cenários ligados à civilização e à cultura das gentes do noroeste da Península Ibérica. Este elemento da natureza adquire três funções fundamentais.
 Em relação à função de cenário (espaço físico), o mar tem a funcionalidade servir de plano de fundo para o encontro entre a donzela e o amigo. Por exemplo, na cantiga de romaria de Martim Codax “Mia irmana fremosa, treides comigo”, há a referência ao mar (“ […] u é o mar salido.”; “E miraremos las ondas!”), que serve de enquadramento cénico para o encontro amoroso entre a donzela e o amigo. Veremos que este cenário ultrapassará o mero valor de espaço físico. 

Relativamente à função de confidente, a donzela dirige-se às ondas, lamentando o afastamento, a demora, a traição ou a partida do seu amado. Por vezes, confia-lhe as consequências no seu coração da ida do amigo para o ferido, ou seja, a guerra, suplicando-lhe notícias do mesmo. Por exemplo, na cantiga “Ondas do mar de Vigo”, de Martim Codax, a donzela confia ao mar o seu desconhecimento do paradeiro do seu amigo (“ se vistes meu amado!”), pois este ainda não chegou para, assim, privar com ela (“E ai Deus, se verrá cedo!”). O mar toma, muitas vezes, o lugar da mãe ou das amigas, em situações em que não é exigido um grau de intimidade tão expressivo.

Uma outra função do mar é a sua simbologia. O mar pode, assim, espelhar o estado de alma da donzela perante a perda ou a ausência do seu amigo através da própria configuração das ondas.

Por exemplo, na barcarola de Meendinho “Sedia-m’ eu na ermida de San Simhon”, é particularmente sugestiva a violência crescente das ondas do mar (“[…] ondas grandes do mar”; “[…] ondas do alto mar), que, por metonímia, será uma extensão do desespero da donzela perante a ausência do seu amigo, desespero este que é levado ao paroxismo da turbulência e, assim, da angústia da donzela (“Morrerei [e] fremosa no alto mar”). O movimento das ondas do mar é sugerido através da recorrência de sons nasais (“e cercaron-mh as ondas, que grandes son!”; “Eu atendend’o meu amigo”). Esta aliteração é particularmente expressiva ao nível do estado de alma do sujeito lírico, já que conota a sua melancolia, que culminará na representação da própria morte de amor (“Nen ei [i] barqueiro, nen sei remar!”; “morrerei [e] fremosa no mar maior!”).

            A natureza detinha uma importância incontornável nas civilizações primitivas na medida: a rivalidade existente entre elas dissipava-se na prática do único vínculo que as aproximava – a prática das romarias a santuários, pela sua dupla valência do sagrado e do profano:



Mia irmana fremosa, treides comigo

A la igreja de Vig’ u é o mar salido:

E miraremos las ondas!

Martim Codax



            A Natureza, em geral, e o mar, em particular, pela sua afinidade mágica com a vida, concorriam para uma configuração extraordinária do encontro do Céu com a Terra, ou seja, do sagrado com o profano.


Edição: José Fernandes Rodríguez