O BlogBESSS...

Bem-Vindos!


Blog ou Blogue, na grafia portuguesa, é uma abreviatura de Weblog. Estes sítios permitem a publicação e a constante atualização de artigos ou "posts", que são, em geral, organizados através de etiquetas (temas) e de forma cronológica inversa.


A possibilidade de os leitores e autores deixarem comentários, de forma sequencial e interativa, corresponde à natureza essencial dos blogues
e por isso, o elemento central do presente projeto da Biblioteca Escolar (BE).


O BlogBESSS é um espaço virtual de informação e de partilha de leituras e ideias. Aberto à comunidade educativa da ESSS e a todos os que pretendam contribuir para a concretização dos objetivos da BE:

1. Promover a leitura e as literacias;

2. Apoiar o desenvolvimento curricular;

3. Valorizar a BE como elemento integrante do Projeto Educativo;

4. Abrir a BE à comunidade local.


De acordo com a sua natureza e integrando os referidos objetivos, o BlogBESSS corresponde a uma proposta de aprendizagem colaborativa e de construção coletiva do Conhecimento, incentivando ao mesmo tempo a utilização/fruição dos recursos existentes na BE.


Colabore nos Projetos "Autor do Mês..." (Para saber como colaborar deverá ler a mensagem de 20 de fevereiro de 2009) e "Leituras Soltas..."
(Leia a mensagem de 10 de abril de 2009).


Não se esqueça, ainda, de ler as regras de utilização do
BlogBESSS e as indicações de "Como Comentar.." nas mensagens de 10 de fevereiro de 2009.


A Biblioteca Escolar da ESSS

PS - Uma leitura interessante sobre a convergência entre as Bibliotecas e os Blogues é o texto de Moreno Albuquerque de Barros - Blogs e Bibliotecários.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Texto de Reflexão - "O Velho do Restelo: actualidade ou não?"

Trabalho realizado por  João Filipe Afonso, Nº13,  12º B, 2010/11 
Prof. João Morais

O discurso proferido pelo Velho do Restelo, por altura da despedida das caravelas de Belém com destino à Índia, apresenta-se como a voz do bom senso, criticando a estranha condição humana, que se movimenta e se motiva perante os desafios da insatisfação, procurando fama e glória através de uma ambição desmedida e incontrolada que a nos leva a agir e avançar sem olhar para o que se lhe apresenta diante dos olhos.

Seja qual for a época em que nos situemos, podemos afirmar, com grande realismo e propriedade, que a tese exposta e defendida pelo Velho do Restelo traduz uma realidade da vida actual apesar da evolução dos tempos e da sociedade. Ao observarmos o mundo actual, constatamos que o homem e a sociedade em geral se movimentam pelos interesses económicos e financeiros, prestando-lhes vassalagem, em função de uma ambição maquiavélica em que não se olha a meios para atingir os fins. Esta forma de estar e de actuar tem despertado a hipocrisia e a inveja, dois sentimentos que se têm vindo a acentuar porque marcantes das sociedades ocidentais e mais evidentes nos povos latinos de influência mediterrânica. Para o comprovar e concretizar, basta reflectirmos um pouco na crise que actualmente atravessamos (nas suas origens, causas e consequências), podendo nós constatar que foi o domínio dos aspectos financeiros sobre as questões sociais desvalorizadas e esquecidas, a prevalência da vaidade, da inveja e da ambição sobre o bom senso que nos colocaram num patamar de consumismo incontrolável, em que o parecer se impõe ao ser. A grande preocupação das pessoas é a imagem que deixam transparecer, comprometendo um desenvolvimento sustentável o que põe em causa o futuro de outras gerações e hipoteca a actual, na qual as famílias atingiram elevados níveis de endividamento, situando-se algumas delas no limite da pobreza e da luta pela sobrevivência.

Quem são e onde estão os culpados? Olhemos para a nossa classe dirigente, que, em vez de dar o exemplo, aparece quase sempre perfilada pelos grandes interesses e jogos de poder, em que a palavra corrupção é que a mais se ouve, quando deles se fala. A propósito, ainda me lembro por altura da assinatura do Tratado de Lisboa, em Dezembro de 2009, em Belém, local marcante e cheio de simbolismo, onde, pela ocasião, se evocou o espírito ambicioso com que os navegadores portugueses partiram à conquista do mundo, comparável à ambição com que a UE partia para a assinatura do Tratado. A ambição descontrolada está bem representada na crise económica em que toda a UE mergulhou, pois, mais uma vez, quando se falou em ambição, não foi formulada e contemplada a ambição social mas sim a financeira e a do proveito próprio. Atentemos nos famosos e actuais “Jobs for the boys”, em que grande parte dos nossos governantes se servem da sua passagem pelos Governos da República como plataforma para futuras nomeações em altos cargos nas Empresas Públicas, em que auferem vencimentos escandalosos, não possuindo, na maior parte dos casos, preparação e vocação para o desempenho das funções que os cargos exigem. Tudo não passa de uma compensação política. Como consequência destas opções, estratégias e políticas contraditórias, temos uma crise sem precedentes em termos de desemprego, que alastra por toda a Europa e ensombra o mundo, com reflexos e reacções imprevisíveis em termos sociais.

Daqui podemos destacar a importância de alertar a nossa classe dirigente para o desprezo a que tem vedado o investimento na educação, um dos mais importantes pilares do enriquecimento interior e de combate aos desafios negativos, que enfrentamos ao longo da vida, que vão desde uma competitividade sem limites e regras, que se reflectem numa desonestidade de procedimentos, em que impera o “salve-se quem puder”, em que os valores materiais se sobrepõem aos valores morais, violando todos os princípios familiares, de vizinhança, de amizade e respeito pelo próximo, como se pode comprovar, por exemplo, através do abandono e esquecimento a que estão destinadas as pessoas da terceira idade, que ultimamente tem sido noticiada e divulgada, pela pior das razões.

Ora, ao violarmos e colocarmos em causa todos os princípios e comportamentos que devem conduzir e orientar uma sociedade moderna, tecnologicamente desenvolvida, estamos, no fundo, a cultivar uma profunda crise de valores. Esta não é mais que o reflexo da perda da identidade das pessoas que são dominadas pela insatisfação, pela ambição descontrolada e cuja expressão final se traduz no aumento do consumo de álcool e drogas por parte dos jovens, no crescimento da criminalidade, nomeadamente a delinquência juvenil, e, como resultado de tudo isto, aumentam as dificuldades das famílias em enfrentar estes problemas. É neste aspecto que o problema se alastra para situações, que, em princípio, julgaríamos intocáveis, como a relação entre professores e alunos e, de uma forma mais concreta, entre pais e filhos, que se concretiza no facto de os progenitores considerarem os seus filhos irresponsáveis e inexperientes, impondo-se numa demonstração de força e poder, controlando personalidades jovens ainda em busca da sua própria identidade. Neste âmbito, importa realçar o papel dos órgãos de comunicação social, sobretudo a televisão e a internet, que, ao não contrariarem estes fenómenos, contribuem para o seu agravamento através do abuso de violência em cenas cruéis e gratuitas, surgindo como consequência o argumento paternalista dos perigos que lhes estão associados, como por exemplo, as saídas nocturnas.

Face ao exposto, posso concluir que, apesar da discrepância entre as épocas em questão, existem atitudes, comportamentos e sentimentos tão actuais como há quinhentos anos. A ambição é positiva quando utilizada como um caminho para ultrapassar as dificuldades que se nos dapresentam. No entanto, é necessário saber utilizá-la com satisfação e realização pessoal e como via para crescer e evoluir na vida com ética, integridade, honestidade e competência, isto é, ser ambicioso sem se autodestruir ou destruir o próximo. Isto consegue-se se agirmos com bom senso perante os outros e a sociedade que nos rodeia. Todos estes princípios, valores e atitudes referidos ao longo desta reflexão devem ser usados para o desenvolvimento de uma sociedade da qual fazemos parte e que queremos mais desenvolvida, renovada, em que não imperem o individualismo, a inveja e a competitividade gratuita, que tornam as pessoas egoístas e gananciosas, instalando uma crise de valores sem precedentes, com a sua maior expressão na procura da fama, da glória, do estatuto e da posição através de uma ambição sem perda da nossa dignidade.

1 comentário: